A biomassa resultante do projecto ALGATEC, que a empresa de biotecnologia A4F Algae for Future e o seu parceiro investidor imobiliário LusoAmoreiras têm vindo a desenvolver no Solvay Business Park, já começou a ser recolhida das “paredes verdes”, o que é uma excelente notícia para as emissões da Solvay.
O ALGATEC explora uma área inicial de 4000 metros quadrados, onde cultiva cerca de 30 metros cúbicos de uma espécie de microalga especialmente resistente (Nannochloropsis); mas, com o crescimento do projecto, a área de produção de 14 ha, o laboratório de microbiologia e a biorefinaria industrial passarão, em conjunto, a constituir, em Agosto de 2020, a maior plataforma de produção de microalgas da Europa.
Isto representa uma grande notícia para a Solvay, em particular para o seu compromisso com a redução das emissões de gases com efeito estufa. Na realidade, o projecto ALGATEC estará então em fase de capturar e utilizar cerca de 2000 toneladas de dióxido de carbono (CO2) na sua produção de microalgas, o que excede até o volume total das emissões da fábrica da Póvoa.
Actualmente, o gerador de vapor é a única fonte industrial de CO2 da fábrica: a caldeira consome quer gás natural quer hidrogénio excedentário (o H2 é um combustível zero-emissões), numa proporção média 50/50. Dentro de pouco mais de um ano e graças à sua nova área de negócio, verde e inteligente, a unidade da Póvoa poderá passar a ser uma instalação neutra em C02.
“O impacto da co-localização do projecto ALGATEC com as operações da Solvay na Póvoa é óptimo”, comenta Arlindo de Carvalho, director de Produção e Energia na Solvay Portugal. “A plataforma de produção de microalgas acrescenta tecnologias inovadoras, gera empregos qualificados e potencia sinergias na gestão de utilidades e serviços”, declara.
“Mas ainda mais relevante, num futuro próximo, será a possibilidade de termos connosco uma empresa parceira desejosa e capaz de capturar e utilizar toda a quantidade das nossas emissões directas de CO2. Este é um exemplo magnífico de colaboração e economia circular a funcionar, possibilitando à Póvoa tornar-se uma instalação neutra em CO2”, considera Arlindo de Carvalho.
Uma alavanca de agricultura e consumo livres de carbono
O investimento de 22 milhões de euros anunciado pela A4F e pela LusoAmoreiras (incluindo instalações de I&D, produção de microalgas e plataforma de processamento), localizado junto da actividade industrial da Solvay, arrancou no segundo semestre de 2017, com a instalação na margem do Tejo, e a produção de biomassa principiou na Primavera de 2018.
O projecto, que associa Bioengenharia e Inovação à produção industrial de microalgas, “tem sido implementado como planeado, seja em termos de investimento e instalações ‒ construções e equipamentos ‒ seja de capital humano”, refere Melissa Fernandes, gestora de Marketing e Comunicação da A4F.
Segundo a informação dispensada por este parceiro, “o ALGATEC está presentemente a operar na Póvoa com 23 pessoas, 13 das quais resultantes de novas contratações, o que significa a criação de emprego altamente qualificado, incluindo engenheiros químicos, biológicos e mecânicos, na maioria jovens mestres”.
A A4F dispõe de uma “biblioteca de microalgas” no seu Laboratório Inovação em Lisboa, explica Melissa Fernandes, de onde provêm as espécies para a produção. Após uma cultura inicial e um estádio intermédio de produção e concentração no laboratório ALGATEC no Business Park da Solvay, as microalgas são transferidas para as “paredes verdes” do parque ‒ 50 painéis lisos, com 20 metros de comprido cada ‒, onde lhes são fornecidas condições propícias ao crescimento, isto é, a combinação apropriada de exposição solar, dióxido de carbono e ambiente de cultura optimizado (água e nutrientes).
O processamento final por filtração e centrifugação, para secagem, produz um volume significativo de biomassa de alto valor. Com efeito, as microalgas são uma fonte rica em nutrientes, tais como gorduras (ácidos gordos poliinsaturados omega-3), proteínas, anti-oxidantes e vitaminas. Representam uma oportunidade emergente, seja como fonte sustentável de matéria-prima, seja como produto final, num mercado global de procura nos ramos da alimentação, rações, cosmética, farmácia, biofibras, fertilizantes, tratamento de efluentes, remediação de solos e biocombustíveis.
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